Maria Tira Água do Poço

Todo dia...

Vai Maria, toca a música da manivela de cordas. Tira água do poço.

Enrodilha a prosa do tempo no esforço, pouca água do mundo, muita água para um café.

Bule amassado e sem cabo, a esperança de dias com mais esperança. Um bolo de fubá é desperdício. Maria precisa comer...

Lavar os panos. Poucos são de roupa, menos ainda os de luxo. Uma toalha de mesa posta aos domingos da depressão.

Vai Maria tirar água do poço. Raso como seus olhos de crer na vida, presente e passado são águas que não voltam a ser o que são.

Maria está ficando velha. Mais força nos braços exige a lida de girar e girar o aparato já torto mas ainda na função.

Vai Maria ! Tira água do poço. O jantar quer seu quinhão.

Um balde de alegria lava a casa, um tanto igual de lágrimas lavam o chão.

Onde está seu amado Maria ?

Ele cavou esse poço da fartura mas fez rasuras em seu coração ?

Nenhum José merece Maria...

Vai Maria... Vai Maria... A esperança dói na madrugada que não passa. Amanhã cedo ? Vair tirar água do poço ...

Marcos de Castro Palma
Enviado por Marcos de Castro Palma em 22/11/2012
Reeditado em 27/08/2013
Código do texto: T3998943
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