RUDE MOMENTO
semblante ocluso,
repousa, disfarça
o sorriso, oculta a dor
tenaz, óssea, gélida,
‘viés degenerativo’
a face foge da mostra.
antídoto na artéria
em cura duvidosa,
tudo experimental...
no sentir concreto,
fica apenas o verso
um canto no canto
invés do lamento...
‘olhos d'água’
decantando letras...
germina a canção,
tempo de esperança
de pedir, agora não;
basta de sorrisos
pois há um pranto
dolente pra se cantar...
nas ruínas de mim
nada se assiste de pé,
sento-me no silêncio
da mureta de pedra
resistentes pilares;
‘pedras sobre pedras’
alvenarias demolidas
sob o pó, o que restou ,
uma história morta...
vento correndo aflito
perpassando ruínas,
calando os passos...
‘escadaria de Riga’
convite ao alpendre
assistir o por do sol
‘manto de vermelho morno’
colosso impávido
finito celebrar de
mais um momento
primavera/verão.
quantos mais?...
olhares de encantos,
astro mergulhando
depois da linha do
horizonte, céu e mar,
biguás voando em 'V'
o voo de recolhimento
antes da salva crepuscular...
cai à noite, num prumo,
finda mais um dia, rumo,
durmo sem sentimentos.
Quanto tempo mais?...
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