O NASCIMENTO

Do epitalâmio recitado com imenso e irônico fervor escuro

No casamento do que não foi do meu não ser comigo mesmo

Nasceu a luz que nada ilumina na ausência de lugar no mundo medo

A recusar moedas impostas e sedutoras para provocar o furo

Gêneses de um campo desflorado incomum e sujo

Não há poder capaz de transformar em tocar de um dedo

A passar pelas cordas das liras desafinadas da falta do inteiro

Parte pela parte se faz a arte em fragmentos do invisível muro

Nasce o canto do desencanto das belas imagens programadas

Em várzeas de infértil solo no qual as flores são fabricadas

Forçadas a nascer em cesárea desumana em falso encantamento

Palavras novas em mundo novo não importam o quanto são usadas

Pela imensidão insana de prazeres propagados, vão permanecer caladas

Ainda que tente, nada interrompe o som sujo entoado em meu casamento

Literatto Brasil
Enviado por Literatto Brasil em 21/11/2012
Reeditado em 21/11/2012
Código do texto: T3996662
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