POETA SURDO
Tão perto da imensidão de não ser
Por longe estar da linha do bem querer
Mergulho em sensações contraditórias
Da tão desconstruída trajetória
A trazer à tona personagens desconhecidos
Em um enredo que não se faz amigo
Tão gelada és a tua vitória
Que em anos de falsa glória
Lutou de mãos atadas contra o nada
Caminho perdido nessa longínqua estrada
Sem fim, longe de um lugar comum
Em falar de amores, cito nenhum
Ao se aproximar de um olhar profundo
Não vê a imensidão de meu mundo
Verso em vão, minhas palavras no chão
Ditas em folhas secas para o acaso levar
E chegarão a um coração que sabe amar
Mesmo que não chegue, elas vão resistir
Por tanto resistir, sempre irão existir
Ainda que a voz seja silenciosa
Nessa concessão que se faz tênue
Dedicação simplória de quem se pinta para fugir
Em metáforas tão claramente mudas
Então, meta fora o poeta surdo