Santa loucura

Você já parou em pleno centro

Da cidade do Rio de Janeiro,

E ficou numas horas tão paradas,

Alma errante e o coração ausente, por inteiro,

Do burburinho das pernas apressadas,

Só para ouvir as músicas dolentes

Que dos aparelhos de som, se esvaíam, encantadas,

De uma certa loja de eletrodomésticos?

Já fiz isso tantas vezes, com esta minh’alma tonta,

Que já perdi a conta!...

Você já ficou longo tempo,

Olhos molhados,

Garganta embargada de emoção,

Lendo versos que falam de amores

Tão grandes e tão perdidos,

Como grandes e perdidos

Sempre foram os meus (des) amores?

Já fiz isso tantas e tão caras

Vezes, que lágrimas se tornaram pérolas raras!...

Voce já sonhou que entra numa máquina do tempo,

Volta aos seus vinte anos e com a máquina a girar,

Avançando de novo em anos, vai pedindo perdão

A todas as mulheres que não soube amar?

Sonho isso agora, e sabendo que esse sonho

Somente minha loucura prova,

Descubro que o meu amor é muito velho

Mas a minha emoção do amor é sempre nova!

E, de novo, de bela musa inspirado, sei que bem pouco

Certo do juízo estive numa solidão a penar...

E já me declaro contente por voltar a ser louco,

Desta loucura santa de amar!...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 03/03/2007
Reeditado em 26/12/2008
Código do texto: T399456
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