CÂMARA DOS LORDS




Apatia que se aglomera no estado do repouso
das minhas mãos que nem se manifestam.
Um lodo espesso sabotando engrenagens
e o tempo para perceber o som reverberado.
É um tiro atrasado.

Nenhum relógio realmente relevante,
nenhum movimento para ocupar o espaço.
É só a flor interrompida pela navalha,
pousada fúnebre num vaso de prata.
É só o calor arrefecido da xícara inglesa,
e o frio que avança até os pés à beira do mundo.
Nunca o intencional foi tão obscuro.

Para todos os poetas de procedência burocrata,
para todos os viventes de entendimento truncado,
para todas as Marias na noite negociadas,
para todos os invertidos na poesia perpendicular,
para todos os arquitetosda abóbada celeste,
para todos os prisioneiros do vício particular,
para toda cura do fanatismo e da peste,
aquele meu lânguido e esguio olhar,
que escorrega da porta pra fora,
com a certeza de nunca mais voltar.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 19/11/2012
Código do texto: T3994228
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