Malogro
Eu queria dizer a você que sei,
Que vi a beleza na qual você acredita;
Sinto muito,
Eu sou um cego do malogro.
O malogro é uma prisão lógica da qual não consigo fugir;
É onde vivo, onde hei fatalmente de sucumbir.
Estranhamente, continuo sorrindo,
Mas fora da semântica do seu sentido.
Não me falta a sensação da iminência de uma verdade
Que me fará insuportável àqueles que vivem da esperança,
De acreditar em um futuro que explique e conserte o fracasso do presente.
Entretanto, há muito fracassamos;
Somos filhos do fracasso.
Mas vamos sorrir;
Acreditar na bondade do semelhante;
Tentar fugir do fracasso estrutural.
Afinal, fracasso é fracasso.
Os imperativos da sobrevivência são irracionais;
Caso contrário, cometeríamos suicídio.
O malogro é racional, é crítico;
A vida não o silencia com suas ameaças de morte.
Estou preso no malogro e ele incomoda.
A vida de paz e repleta de adjetivos tão liricamente cantados pela maioria
É um sonho que se dorme no comodismo da fuga, ignorância.