Malogro

Eu queria dizer a você que sei,

Que vi a beleza na qual você acredita;

Sinto muito,

Eu sou um cego do malogro.

O malogro é uma prisão lógica da qual não consigo fugir;

É onde vivo, onde hei fatalmente de sucumbir.

Estranhamente, continuo sorrindo,

Mas fora da semântica do seu sentido.

Não me falta a sensação da iminência de uma verdade

Que me fará insuportável àqueles que vivem da esperança,

De acreditar em um futuro que explique e conserte o fracasso do presente.

Entretanto, há muito fracassamos;

Somos filhos do fracasso.

Mas vamos sorrir;

Acreditar na bondade do semelhante;

Tentar fugir do fracasso estrutural.

Afinal, fracasso é fracasso.

Os imperativos da sobrevivência são irracionais;

Caso contrário, cometeríamos suicídio.

O malogro é racional, é crítico;

A vida não o silencia com suas ameaças de morte.

Estou preso no malogro e ele incomoda.

A vida de paz e repleta de adjetivos tão liricamente cantados pela maioria

É um sonho que se dorme no comodismo da fuga, ignorância.

Junior Lopes
Enviado por Junior Lopes em 18/11/2012
Reeditado em 17/08/2015
Código do texto: T3992510
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