A rosa amarela do dia

A rosa amarela do dia

desliza na manhã

de um mundo velho,

vago,

sequioso

O amor não é poesia

no velho mundo abstraído

O amor é folha de

outono,

adeus,

passos de nuvens,

rumo aos teus olhos

negros

O céu, roçando o mar,

tece arco-íris

na poeira úmida

das cores condensadas

na miragem das praias

à deriva

Os ventos balançam

as folhas laceradas

por este inverno

de horas melancólicas

A um canto

há um grito

que ao meu canto

desvirtua num fragor

plangente

Vi a rosa amarela do dia

deslizando na manhã

por entre os morros

dispersos ao longo

da vida que desliza

sob conceitos e

palavras sem nome

Tudo caminhando

lentamente

Perpassando a manhã

o som de um sino dobra,

circunspecto,

embebendo os olhos

e apascentando corações

Um sol, recriado no lago,

arde em chispas

ao murmúrio das águas

A brisa azul esvoaça

o amarelo do dia

Cores a desdobrarem-se

na onda turva e reflexa

no som cambiante,

nas sombras difusas

que acordam encharcadas

da tua ausência

do meu exílio

e ébrias de

[solidão]