Não sei...
Não sei de onde me vem a escrita
não lhe conheço motivo ou razão
não sei se é arte nobre ou maldita
não sei se é segredo ou confissão...
Sei que dos dedos ela sai
como se fosse um fluído
como algo que se esvai
depois de estar comprimido...
Sei que me dá prazer
quando não me faz chorar!
Mais não sei, e talvez não queira saber
pois não escrevo sobre o que vivo!
E sempre são vivências por acontecer...
Não sei se encarno outras vidas
não sei se vivo outros viveres
mas tenho horas escolhidas
em que se multiplicam os saberes...
Tenho momentos de graça
em que a rima se ajoelha
aos pés de quem lê a desgraça
do sentir de quem se assemelha!
Estranho gozo, infeliz saber...
Sentir pelo outro, o desgosto
daquilo por acontecer...
Não sei e nem quero adivinhar
pois prefiro escrever sem rumo
no balanço do meu mar!
Prefiro nas letras naufragar
para não ter de lutar...
Prefiro me render
e escrever
até a rima acabar...!