MULHER
Tem um ser desconhecido por dentro,
Que vem em forma de luz,
Mas tem uma lança afiada, que tange,
Que atrai e que mata,
Que a esta força reduz.
Traz um enigma no olhar,
Que nem todo olhar possui.
Pois tem um profundo mistério,
Desvenda quem nele se dilui.
E quando no negro da noite,
Esta mulher se emancipa,
Traz uma fera, uma deusa,
De encantos, quimeras, tantos outros tantos.
Ela mesma se admira
Das luzes e cores do palco,
Da arte que essa alma inspira.
Ás vezes a fera adormece
E acorda em apologia,
A deusa também se esquece
De sua filosofia,
Quando louca, nada pensa,
Apenas vive a noite ou o dia.
Nesse navegar constante,
Uma fera se aflora e se anuncia,
Rasgando o mundo pelo pão,
Tentando viver a utopia.
De ser gente nesse chão
Onde há tanta covardia.
Sobrevoando a vida, nessa analogia,
Tentando encontrar um porto.
Vez em quando um pranto vive,
Quando em vez ele está morto.
As ondas que hora marés,
Ás vezes se tornam redemoinho.
Ai a fera, apenas uma mulher;
Sai rasgando os caminhos
.