Pela Janela da Sala

Posso explicar as chuvas das tardes tristes,
os pássaros escondidos, as crianças caladas,
as flores de pele macia com mãos enrugadas,
a cor querendo romper o cinza padronizado.

Agonizado, posso escrever o pretenso poema,
calado, na música do piano fechado pela poeira,
protegido da umidade pela cortina, leve peneira,
a filtrar a visão pesada que carrego do externo.

Andar entre a minha tristeza é a esquiva viva,
do meu estabelecer, da estabilidade neurótica,
da penalidade sofrida ao nascer quase caótica,
é por isso que chove a vida, pela janela da sala.

 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 16/11/2012
Reeditado em 16/11/2015
Código do texto: T3989334
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