Amor ausente

Viver de um amor assim ausente

(poesia sem palavra,

canção sem melodia)

me bastará?

Ah, mas não conheço quem lamente

a morte que um dia

fatalmente chegará.

Então me resta fazer assim:

acordar sobre pétalas de flor,

almoçar nuvem, beber orvalho;

à tarde, flutuar até o sol se pôr,

e dormir o sono dos anjos num cetim.

Tiro a paciência do baralho:

felicidade homeopática não faz mal.

Vou viver de viver sem pressa ou dor,

empurrando a tristeza pro final.