UMA MENINA, UMA MULHER

Entre embarques e desembarques

Regidos por inúmeras encarnações,

Mais uma existência apenas obedece à ordem harmônica e natural da vida: a evolução espiritual.

E, eis que nos olhos assustados de menina

Transbordam experiências divinas,

E brotam no espetáculo do renascer,

Do viver, do reviver, do enaltecer,

Sorrisos leves, breves...

Momentos intensos, serenos, rígidos...

Lágrimas de amor, lágrimas de dor.

Longas lágrimas que afloram da alma,

Descem o rio da vida,,

Adormecem no oceano do ser.

A menina que vê além do mundo físico, torna-se mulher...

Quer conhecer, reconhecer o amor, o mundo, o universo, os seres...

Dentre os encantos e desencantos revelados, encontra no próprio eu os mistérios mais profundos do presente. Revela-se com grandeza, dos erros as lições, e ao conhecer historicamente grandes mulheres reconhece suas atitudes e desejos e sente-se maior que Catarina, a Grande, tão meiga quanto Anna Karenina, mais corajosa que Chiquinha Gonzaga e lutadora que Pagu, uma mulher com qualidades infindas e singulares, que apesar das pedras, derrotas, se vê forte para buscar perfeição que acredita um dia encontrar.

Talvez através da fé, do sonho, da busca.

Um corpo de mulher, olhos de criança, meiguice, pureza, leveza, serenidade, encantamento... E, no íntimo, uma intensa guerra em modificar o que há de pior no mundo, a começar por seus próprios pecados.

Sem cessar, sem temer...

Apenas vai em frente.

Vivendo, amando, buscando, vencendo, sonhando...

Por várias vezes uma menina, por outras, uma mulher.

Karina Campos

15 de Julho de 2004.