CUMPLICIDADE

Ah!

Não irás comigo no caminho,

se não andares com cuidado...

O caminho é longo, estreitinho,

de destino incerto, complicado.

Não serás companhia,

Se não me estenderes a mão,

quando me sentir cansado...

E nem serás também,

Se ao cansares, porém,

Não procurares meu asilo,

Naquilo que precisares...

Não me entenderás,

se não colocares o coração,

no mesmo compasso e jeito,

do que me bate no peito.

Não me enxergarás,

Se não mirares teus olhos,

Na direção do meu olhar,

E se ao olhares nos meus olhos

Neles, nem mesmo a ti, enxergar...

Não me sentirás ao teu lado,

Se num gesto de caridade,

Não entenderes os meus desvios,

E numa perfeita cumplicidade

Tal qual nas cumplicidades dos rios

Percorrendo os sulcos dos vales,

Olhar-me como um ser, não perfeito,

Desfeito as vezes, e em outras, refeito.

Só assim, poderás me abrir,

E em mim, invadir a privacidade

Só assim poderás suprir

As minhas e as tuas necessidades...

Só assim poderás me achar,

Para que, eu, enfim,

Possa te amar...

Donato César Pierini
Enviado por Donato César Pierini em 02/03/2007
Código do texto: T398800