CUMPLICIDADE
Ah!
Não irás comigo no caminho,
se não andares com cuidado...
O caminho é longo, estreitinho,
de destino incerto, complicado.
Não serás companhia,
Se não me estenderes a mão,
quando me sentir cansado...
E nem serás também,
Se ao cansares, porém,
Não procurares meu asilo,
Naquilo que precisares...
Não me entenderás,
se não colocares o coração,
no mesmo compasso e jeito,
do que me bate no peito.
Não me enxergarás,
Se não mirares teus olhos,
Na direção do meu olhar,
E se ao olhares nos meus olhos
Neles, nem mesmo a ti, enxergar...
Não me sentirás ao teu lado,
Se num gesto de caridade,
Não entenderes os meus desvios,
E numa perfeita cumplicidade
Tal qual nas cumplicidades dos rios
Percorrendo os sulcos dos vales,
Olhar-me como um ser, não perfeito,
Desfeito as vezes, e em outras, refeito.
Só assim, poderás me abrir,
E em mim, invadir a privacidade
Só assim poderás suprir
As minhas e as tuas necessidades...
Só assim poderás me achar,
Para que, eu, enfim,
Possa te amar...