A solidão é como o instante da morte, desolado.
E toda a vez que a sinto bem aqui do meu lado,
é como se fosse a minha derradeira hora.
E não importa quais e quantos olhos me velem,
me avistem, me assistem ou até me pranteiem,
ou quantas mãos e quais mãos, me afaguem, me prendam
como se quisessem por mais um instante me segurar
aqui neste lado mais sombrio e mais ilusório da realidade,
é minha hora de solidão e eu simplesmente tenho que partir.

Tudo o que fui e quis, tudo o que fiz,
o que não fiz e não fui, tudo o que eu não quis,
tudo o que aprendi, vivi e sei, tudo o que pensei
no meio de tudo que nem sei se aprendi, não sei,
não vai ser mais e não vai mais poder se saber,
se morremos quando nascemos ou se nascemos ao morrer...

E o quanto amei ou deixei de amar,
de tudo quanto tive e não pude
e de tudo que pude e nunca tive,
o quanto não cri, quanto chorei,
tudo quanto esqueci ou lembrei,
não importa mais, já não pesa,
não é mais e não sendo não se leva
e nem volta, só vai para nunca mais,
porque não é mais, como se nunca tivesse sido,
e não mais tem sido como se nunca fosse ser ainda.

Como a derradeira hora que toda solidão tem.
Como nessa hora estando só, só ter de partir...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/11/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3987402
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