a um amigo

soletra-se esparso este meu verso:

não quer se convencer de si

e se dispersa

lento

lerdo

lendo-me por vários reversos de mim

- Sereno, mi hijo!

diria o velho amigo que se foi

assim sem data

assim por nada

e fecharia os olhos

e mentiria um tango

e brindaria um trago

à infinita razão que o verso tem em ser assim:

pois que este verso branco

em se morrendo

pode recriar-se em novas rimas

em outras novas linhas

de uma poesia ainda oculta em mim

sentido

silêncio

- Sereno, mi hijo!

enfim

vejo a estrada que se contorce ao longe

e me parece querer tanto desfazer-se de si

como quisesse, assim como meu verso,

reabrir-se em novas trilhas

como quisesse tanto

não morrer de tanto ir

Capiau da roça
Enviado por Capiau da roça em 15/11/2012
Reeditado em 15/11/2012
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