Ela
Descobri que Ela
não é osso putrefato
em seu túmulo.
Ela está viva dentro de mim.
Acordado,
Ela aparece de forma
muito fluída.
Dormindo,
Ela vem com uma forma
muito densa,
corpórea mesmo.
Sempre se manifesta:
quer seja em lembranças,
quer seja em sonhos,
quer seja em pesadelos,
quer seja em neuroses
(como agora).
Ela só morrerá quando eu morrer.
Outro dia ela me chamava...
Queria que eu fosse com ela.
Recusei.
Tenho muito o quê ainda lembrar.
Tenho muito o quê ainda sonhar.
Tenho muito o quê ainda viver.
Ah, Ela... Quem é?
Manu . Ela.
*
"Escrever é desfazer-se de seus remorsos e rancores"
Emil Cioran.
Leonardo Lisbôa – Barbacena, 07/11/2000
POEMA 840 – Caderno: Amor Dormido e Sonhado.