Índio, Herdeiro da Terra

Índio, herdeiro da terra,

venho,

desde a Carta de Caminha,

trazer-te consolo,

fazer um alerta.

Tua nudez limpa e inocente,

tua imagem formosa e morenada

de pele brilhante e colorida,

foi tornada impudica

e na tua inocência cultural

trocaste o valioso pelo engodo.

Foste vestido,

invejado e enganado.

Tomaram-te os deuses

e te deram Jesus Cristo.

A riqueza dos metais levantada,

as matas analisadas,

do teu chão aos teus rios,

“... em se plantando tudo dá’...

A tua terra foi avaliada,

cobiçada,

explorada quase à exaustão.

Índio, herdeiro da terra,

em 500 anos

fizeram de ti

um ser quase em extinção,

um herdeiro de nada.

Tomaram-te até a liberdade

de ir e vir,

embeberam-te,

quiseram-te para escravo,

colocaram-te numa reserva,

e com dificuldades sobrevives

e conosco pouco te misturas;

preservas tua cultura,

manténs as tuas tradições vivas,

num país em que, um dia,

até os imigrantes

falaram o Guarani.

Índio, herdeiro da terra, cuida-te,

que tu não te tornes mais uma

página da história.

Premiado na Poebras - Salvador/BA – 2000,

II Concurso Nacional de Poesia e publicado na

Antologia Poebras – Brasil 500 Anos