A BORBOLETA NEGRA

Antonieta Lopes

Brilhante, negra, ágil esvoaça

Por todo o quarto e pousa no telhado,

Parece de nanquim, na sua graça,

Mas deixa o coração amargurado.

Onde vou, ela vai, por mais que eu faça

Um gesto pueril de desagrado,

Mata-la é estilhaçar vivente taça,

Onde a vida é licor enfeitiçado.

Girou, girou, tocou-me a cabeça

E depois simplesmente foi-se embora,

Tomara meu terror logo a esqueça.

Mas voltará mais negra, não demora,

Parece a noite que anuncia, espessa,

A rota clara e tarda de uma aurora

Antonieta Lopes
Enviado por Antonieta Lopes em 13/11/2012
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