O boneco de cera
Ele a queria tanto como ao ar
Mas ela não nutria amor por ele
Quantas vezes mais ele iria chorar?
O desprezo fez morada dentro dele...
Fez o pôde, escreveu mil versos
Mandou-lhe rosas, girassóis, bombons
Inverteu a ordem inversa do universo
E deu pra ela quadros de mil tons.
Nada do que ele fazia a agradava
Seu coração era frio como o gelo
Ela não ouvia o que ele cantava
Ignorava-o enquanto alisava o cabelo.
Tendo tentado tudo foi-se a paciência
E lembrando de tudo o que ela lhe fazia
Ignorou as descobertas da ciência
E resolveu então apelar para a magia.
E já cansado de sofrer tempo inteiro
Resolveu vingar-se por todo pranto
E numa noite escura foi a um terreiro
Pedir auxílio a um famoso pai de santo.
Ali estava ele em busca de vingança
Ele sabia como ninguém o que era dor
Estava ali porque já não tinha esperança
Ela jamais aceitaria o seu amor.
O local todo exalava um forte odor
E na sua cabeça um único ideal
Se ela cuspiu e defecou no seu amor
Que ela aguente a consequência desse mal.
Ele entregou ao homem um fio do cabelo dela
Um fio que em sua casa ela esquecera
E fazendo um prece com o nome dela
Entregou-lhe ao fim um boneco de cera.
Em suas mãos aquele objeto poderoso
Chegou a hora pela qual tanto esperava
Encheu de agulhas o boneco e riu malicioso...
Cheia de dores, banhada em sangue a moça gritava...