Alimento

A poesia é curandeira

De minh'alma demente

É um um vaso de flores

Onde cultivo amores, inexistentes.

Tony Bahia

Alimento

É através da poesia que me alimento

Tardo, mas sempre me encontro.

Carrego esse fardo feito feno

Penugem que habita o travesseiro

Onde navegam sonhos.

Posso sentir o cheiro e o choro da flor

Que se movem ao vento.

Agora, lá fora

Vejo pássaros em uma árvore

Como se fossem anjos em movimento

Feito brisa-leve

No espaço tempo.

E outro mais atrevido

Que veio fazer ninho em minha lavandeira

Em um vaso que Iaiá não plantou flor

Meu pequeno amigo, tão querido

E companheiro nas horas de riso e dor...

Comida no bico, comida no bico, comida no bico!...

Num voo colorido de ida e volta

Para alimentar a algazarra esfomeada dos filhotes...

E do meu coração alface de ternura...

Sou eu quem me abraço

Quando imagino personagens

São todos nus

Feito nascente de rios em miragens.

Me embrenho nas paisagens

E os mosquitos devoram meu sangue,

Alimento...

Não morram de fome, presa e predadores

A fome sempre foi o horror dos horrores

E nada, nem ninguém merece morrer de inanição.

Sorrio ao me deleitar com o imaginário

E ouço violoncelos em silêncio

Cortado pelo canto das cigarras...

Uma luz pousa em meu peito...

Durmo, sem adormecer

Quero ver o amanhecer gritando

Abre a porta...

É através da poesia que me alimento

Fragmentos do pensamento

Com a fartura e o néctar dos deuses.

Tony Bahia

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 12/11/2012
Reeditado em 12/11/2012
Código do texto: T3981791
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