Devaneios
Não te espantes se porventura
Tu encontrares por aí perdidas
Minhas lágrimas de desventura.
Eu já chorei muito nesta vida.
O amor é um eterno passatempo,
A eternidade, breve instante.
Ah, mas como é longo o meu tormento
Que toda a minha força consome!
De meus dedos esvaem os anos
Escorrendo desvairadamente,
Sem qualquer disciplina ou plano
Ao seu bel prazer incoerente.
Mas guarde o meu sorriso de agora,
Porque emerge de vez em quando
No último verso da aurora.
Antagônica parece a vida
Quando evidente é a solidão.
Não cabe a explicação fingida,
Nem uma espúria solução.