Deixa-me ser senhor

Para o gosto Pára pele

Para minha língua

Assanhada ( víbora

Que late sobre a outra

Sombra desabrochada)

O sismógrafo marca

Pisando forte: um

Cavalo de dentes grande (um cavalo vampiro)

Trotando sobre a dor

Da cidade (

Sem mais esperança,

“Somente o agora como uma coceira nas vergonhas”

No peito

Nos balões feito de

Pleuras, na multidão

de co2 e O2 e outros

medos...

O embaraço

Que já se via nos olhos

Outros Jeitos (pedra e poeira

Cheiro de fedegoso )

Resto de eras (aquele fedor das latrina pública)

A Pele de Gabriela

Que daquela boca

Escondeu o que era ela...

aquela boca fabricada

no final da goela...

(era alegre sua miséria)

corpo prossegue ( um monte de osso

desarticuladamente mentido)

plac plac plac plac plac plac plac

cansadamente sonâmbulo

Morto, vivo, talvez dentro

Do oco do osso, tutato,

Ou desgosto...(Ou apenas

o metado do fogo-fatuo

Se passa há 38 anos...

Na calçada, pela janela

Do quarto....o oco

do osso,

(deixai-me ser senhor,

nem que seja

de dor )

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 11/11/2012
Reeditado em 11/11/2012
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