POEMA DO DESTINO

O homem quando morre:

Seu corpo cabe na vala

Seus olhos cobertos de terra

Seu riso calado com cola

Seu cheiro preso na caixa

Sua roupa virada em rosas

Suas pernas multiplicadas

Seus gestos na história

Suas raivas apagadas

Seu choro que não brada

Sua carne perecida

Sua face falida

Seu clamor sem fala

Suas rugas fixadas

Sua pele pálida

Sua vida já vivida

Suas obras, as assinadas.

Sua mente:

Suavemente paira

Sem saber como fluir

Flui a fim de se transformar.

Ainda presa às normas de Lavoisier

Não sabem no que vão se transformar

Nem sabem como correr

Não sabem onde terminar

Não sabem como morrer.

LEONARDO DA ROCHA BEZERRA