As tranças de Berenice

Foram-se as minhas tranças de Berenice

Fugiram junto com as ondas do mar

Foram-se aquelas que eu julgava ser inalteráveis

Tranças de Berenice envoltas na espuma do tempo

Tenho apenas as madeixas em minhas lembranças

Tranças de uma crença

Para onde terão seguido as minhas tranças de Berenice

Assustadas com os grisalhos fios da velhice

Quem sabe os fios se tornaram ouro

E decoram cascos de navios no profundo do mar

Quem sabe as minhas tranças de Berenice

Descobriram logo cedo que não sabiam as velas controlar

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Fonte de inspiração:

Catulo e a Trança de Berenice

"O Poema 66 de Catulo é uma tradução da elegia 'A Trança de Berenice', de Calímaco. Ele faz uma homenagem a Berenice, 'filha de Magas, rei de Cirene' (OLIVA, 1996, p. 228). Ela, casada com Ptolomeu III Evérgetes (que é também primo), se encontra em uma situação muito delicada: seu marido irá guerrear contra os assírios, sob o comando de Seleuco II. Tentando mudar a sorte do marido, ela faz uma promessa solene. Iria depositar sua trança de cabelo no tempo de Arsínoe Zefirítide, caso ele voltasse são e salvo. 'Obtida a graça, cumpriu-se o voto' (idem). Na manhã seguinte da entrega da trança, novo problema: a trança sumiu, o que 'causou grande abalo na corte' (ibid.). Entra em cena, então, Cônon, astrônomo da casa real. Ele declarou, portanto, 'havê-la descoberto no céu, certo levada por alguma divindade e tornada constelação' (ibid.). João Angelo Oliva Neto aponta que 'Se, para o caso de Calímaco, há, no matrimônio factual que louva, traços de poesia palaciana, a tradução do poema feita por Catulo, por afastamento de espaço e tempo, neutraliza esses traços e apropria-se apenas do matrimônio temático, que é o quanto lhe interessa, por fazer relacionar a tradução, que agora é seu poema [...]” (ibid.).

Referências

A trança de Berenice, vista por Catulo e F. S. Fitzgerald

Disponível em <http://midiaeducacao.com.br/?p=7480> Acesso em 9 de novembro de 2012.