Aborto
Aborto
Fecunda Luz no fim do túnel
Universo de palavras conversam entre si
Ouço o burburinho através do vento
Vento que vem morrer dentro de mim...
Gotas e fragmentos tentam aconchegar-se
E agarrar-se antes do incêndio
Ateio fogo em tudo que é podre
A vida dos cupins, me fizeram oco...
Suicídio da maldade humana...
Mato com minhas mãos sem luva
Deixo digitais nos calabouços
E cicatrizes nuas...
Não sei se vivo, ou morro!
Fundindo elos que partiram-se em partículas
De tantos seres animalescos que encontro
Enquanto queria plantar grãos no pomar
Para olhar mais distante de mim e nada vejo
Só reflexo no espelho de "Narciso", são tantos...
É cruel tudo o que sinto à cada instante
Movimentos de braços brutos
Brutas palavras
E quem serão os vermes que comerão o nosso corpo?
Todos no mesmo poço
Cova funda ou rasa.
Asas na imaginação
Com asas podadas
Por ilustres majestades...
Abutres!
Que fome de água e pão.
Para sair desse duelo que mata, aos poucos
E não brigar com o mundo
E meus semelhantes
Semi-deuses e o "Inferno de Dantes".
Os latrocinios, os maníacos do parque
Os sem caráter, os maus por natureza
Os que não vêem beleza no despetalar da flor!
Queria ser pó...Calei meu canto
Queria ser pedra, pra não sentir tanto...
Tanta dor, agonia e desespero
Que dilacera meu peito em frangalhos
E nem galho sou...
O que fazer? Assumir meu eu...
Em meus versos-dor?
Grávido de tanta estupidez
Aborto de assassinos que virão...
Sou vento
Folhas
Flores
Frutos
Árvores
Semente
E grão
Desencanto...
Queria ser louco
Na espera de um dia ser Luz
Por isso sempre morro, um pouco.
Tony Bahia.
Convido a todos que por aqui passarem a ouvir o Áudio,
Gravado por Ninna Flor.