COR DE TÉDIO
As cicatrizes ainda estão vermelhas
Sinal do quanto elas são recentes
Queria ver a lua, quebrei minhas telhas
E com os pedaços fiz em mim cortes dormentes.
Pintei com sangue as paredes do meu quarto
E vi meu corpo ficar pálido no espelho
"Desculpe, mãe, pela dor que causei no parto..."
"Eu nem lembrava, gosto tanto de vermelho..."
A solidão, que pena dela, é tão carente
Assim que me viu pediu logo um abraço
Até que ela de mim não era tão diferente
Nós dois tínhamos sido vencidos pelo cansaço.
Ela então me convidou para um passeio
Fomos ao vigésimo andar de um lindo prédio
De repente um empurrão e desnorteio...
O sangue no asfalto é cor de tédio...