Hipócritas

o sangue dos mutilados

desce pela cruz

saciando a fome, a sede

o vício e os delírios

da mediocridade empunhada

pelos sumos sacerdotes

que temem a morte...

os pedaços que foram execrados

e em valas sepultados

adubam a terra bandida...

falsa puritana, se contorce de prazer

a cada naco de corpo degustado

pobres seres mutilados

sangram aos poucos

nem mortos, nem vivos

alimentam fantasmas

ferindo sua própria carne

nas escadas das igrejas

imaginárias, coabitam

dividindo parcas esmolas

entre a dor e a sanidade

festejam migalhas...

escorra dos mutilados, sangue maldito!

manche por inteira a cruz

que tanto te seduz

coagule nos vãos da madeira

em um ato indecente

covardes seres mutantes, que se deixam encantar

por um rasgo, um raio, um átimo de poder

semi-vivos, semi-mortos,

se quisessem, realmente a morte

não compactuariam com a vida

e seus sacerdotes...

Deliciam-se na dor que os consome

na cor do líquido que vertem

em suas feridas em chagas, abertas

exibem sua exuberância, um suicídio

uma lei, um decreto

mas, não os seguem...

abraçam suas cruzes

copulam com a arte da vida

e fingem desejarem a morte

hipócritas...

Almma
Enviado por Almma em 06/11/2012
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T3971113
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