EU ASSUMO O RISCO

Eu assumo o risco

Quando acelero o carro

Quando digo palavras ao outro

Ao acariciar o desejo

Quando pratico o bem ou o mal

Quando, com palavras, edifico ou demolo

Quando declaro: te amo

Quando escuto música

Quando abro os olhos ao amanhecer e me permito viver

Quando peço a Deus

Quando não percebo o evidente no mundo

Eu assumo o risco, sim

Quando cultivo

Quando me encho de sabedoria, de orgulho, de desejo, de dor, de mágoas

Quando não digo quando deveria dizer

Quando me omito do mundo

Quando me disponho ao outro: finito mundo

Quando a velocidade aumenta nas curvas

Quando superdimensiono ou minimizo

Quando deixo para depois o urgente

Quando urgencio o tempo parado

Quando ao atravessar não olho

Quando o querer é.

Eu assumo o risco, ainda

Quando o ser e o estar não se harmonizam: anjos paradoxais que me infernizam.

Quando acompanho, sem saber, a multidão

Quando sou

Quando acredito na rapaziada. E vou em frente

Quando solicito o eu no outro

Quando causo fissuras

Não assumir o risco

É o não viver

Viver: óbvio assumir.

O quando, palavra constante.

Dois pilares, então, disso que chamo vida:

O saber quando e

O viver assumindo.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 06/11/2012
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