EU ASSUMO O RISCO
Eu assumo o risco
Quando acelero o carro
Quando digo palavras ao outro
Ao acariciar o desejo
Quando pratico o bem ou o mal
Quando, com palavras, edifico ou demolo
Quando declaro: te amo
Quando escuto música
Quando abro os olhos ao amanhecer e me permito viver
Quando peço a Deus
Quando não percebo o evidente no mundo
Eu assumo o risco, sim
Quando cultivo
Quando me encho de sabedoria, de orgulho, de desejo, de dor, de mágoas
Quando não digo quando deveria dizer
Quando me omito do mundo
Quando me disponho ao outro: finito mundo
Quando a velocidade aumenta nas curvas
Quando superdimensiono ou minimizo
Quando deixo para depois o urgente
Quando urgencio o tempo parado
Quando ao atravessar não olho
Quando o querer é.
Eu assumo o risco, ainda
Quando o ser e o estar não se harmonizam: anjos paradoxais que me infernizam.
Quando acompanho, sem saber, a multidão
Quando sou
Quando acredito na rapaziada. E vou em frente
Quando solicito o eu no outro
Quando causo fissuras
Não assumir o risco
É o não viver
Viver: óbvio assumir.
O quando, palavra constante.
Dois pilares, então, disso que chamo vida:
O saber quando e
O viver assumindo.