Um outro adeus

Disseram-me que o poeta é um fingidor...

Eu não sou poeta, sou a própria faceta!

Faço rimas com a minha dor

e, longe de mim, deixo-as numa gaveta.

P'ra talvez um dia as dedicar a alguém;

um ser que ainda não encontrei… Nem encontrarei.

E só por ter certeza que ele de mim se abstém

é que eu por ele, loucamente, já me apaixonei.

E até então isso tem me servido como pretexto

pra continuar no ócio destas palavras decompor;

e nesses versos miseráveis talvez morrer em contexto,

na intentona de fazer da minha desgraça algum esplendor.

Pela fome das minhas rimas tristes e pobres eu vou falecer

e ser esquecida como uma estrofe só e perdida...

Ou velada lindamente como um narcisista soneto suicida...

Só sei que já não me importa ser, portanto vou escrever.

Mas agora é tarde e a própria inspiração me some.

E já que faço versos como quem morre,

vou indo… E dou um adeus nessa poesia em meu nome;

Para que, em palavras, todo o meu sangue jorre!

Pois dessa morte, ao menos, ninguém me socorre.

Duda Checa
Enviado por Duda Checa em 05/11/2012
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T3970897
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.