Morte súbita
Morte súbita
Ando nos ares
Navego nos andes
Flutuo nos mares
Me Ilumina luares.
Respiro poesia até quando não respiro
Erguendo palavras em demolição
Construo casa...preciso de idicula
Pra guardar fragmentos e partículas
De sentimentos meus...São tantos
Papéis sujos de sangue e do orvalho da manhã
Tijolos de letras em minha saudosa alma.
Me curvo aos mortos, todos os dias
E tenho cumplicidade íntima com eles
Sou todos na comunhão que em mim habitam.
Tenho hábito de sentir hálito e lembrar de vozes e trejeitos
Dos meus entes idos que ficaram em fogo brando
Essa chama nunca se apagará
Mesmo no reencontro... Quiçá.
Brilha uma estrela a minha espera
Uma Luz tão forte que não vejo, sinto
Me dizendo: Vem...Flutuar passando pelas nuvens
E farei chuva, se quiser...
E minh'alma tapará o sol, quando escaldante
Visitarei os agonizantes
Como faço em vida todos os dias
Em Oração.
Frequento cães, quando ando pelas ruas
Observo e abomino
A fome que neles sinto
E dói do mesmo jeito que barriga de menino
Quedá-me lágrima quando brinco com bichos atropelados
E mancam com sorriso e brilho nos olhos
Quando por segundos sentem-se amados
Apenas por afagos...Nada mais...
Ensaio mergulho fundo...fundo...fundo...
Se mergulhar, periga não voltar à tona
Feito abismo
Se olho para ele, ele me chama
Escuto o eco do meu nome
Entre paredes intermináveis dos rochedos no horizonte...
Onde respiram meus mortos, antes frios?
Estão sempre aquecidos no universo dos meus versos...
E nunca faço eterna despedida
Habitam os porões da minh'alma viva.
Morte súbita que não mata
Mas trás escura luz à vida.
Tony Bahia