V-CANÇÃO DO PRISIONEIRO

 

 

Sangrando por todos os lados,
pensando por todos os poros.

Se você cai, se você prossegue,
não importa pois perdeu a vida
do lado de fora de uma  gaiola.
E sente entrar por sua pele,
o pesticida e as crendices.
E se você cai, se você prossegue,
se é estático...apenas persegue.

Não há possibilidades após a ilusão.
Síndrome de Estocolmo,
felicidade de propaganda,
amostra grátis de gás Sarin,
vírus se fundindo ao seu código genético,
Deus entrando por uma fresta,
e os braços cruzados dos profetas...
os pulsos bem amarrados,
na boca o sangue coagulado,
um suor real que fede só na lembrança,
farrapos que cobrem numa noite de frio,
e uma aposta sobre a durabilidade da vida.

Sonhando, há o grito de quando desperto,
a luz vermelha que atravessa a mata...
os olhos que se podem ver à distância,
no meio de uma dessas emboscadas.
Qual era mesmo sua função na vida?
O que você mudou mesmo em seu idioma?
Por que essa tatuagem de código de barras,
por que se esconder atrás de um riff de guitarra?

Tudo cheira a acidente e acontecimentos óbvios,
tudo cheira à distância de uma casa vazia,
onde morrerão as mágoas de mães e cães,
esperando como anjos da guarda ou sentinelas,
esse espectro que antes foi gente...
e virou mutação de uma dignidade quebrada.

Olhe para os céus...é onde se fixam as preces,
na forma de nuvens que em algum momento desabam.
Toda chuva é oração de prisioneiro, longe de casa,
buscando por suas mães distantes,
por uma paz que não pertence a este mundo.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 05/11/2012
Reeditado em 05/11/2012
Código do texto: T3970338
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