Pó Do Tempo

Reguei os dias com meu próprio sangue

da flores que colhi faço um buquê

e enfeito o altar sagrado do meu tempo...

Quebro o silêncio com preces solenes

tiques-taques do meu coração...

Ainda, num ritual, desenho o belo

em letras garrafais celebro a vida

que entalha em risos, o meu ser sereno...

Espalmo cada metro desta estrada

e o céu que eu concebi, aqui,

dedico em oferenda a quem ficar...

Amor que foi a força-mor, motriz

de cada ação, sementes que semeei

e suntentou-me em paz pelo caminho...

Que aqueceu meu ninho, encheu celeiro,

deu colorido e luz ao meu tinteiro,

vestiu de encanto o verso corriqueiro...

Foi mensageiro e escudo nas tempestas,

o brilho encantador de cada dia,

meu pão, minha ilusão, a fantasia,

que permitiu-me ser e estar aqui...

Hoje são versos e bem sei que um dia

Serão o pó sem brilho, véu puido

a descobrir a imagem do que havia...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 05/11/2012
Reeditado em 05/11/2012
Código do texto: T3969621
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