OLHOS
A alva luz dessas esferas
Rápido abre caminho
Conforta o desolado
Abraça o ser mais sozinho
Úmidos e cintilantes
Fixos observam
Do julgamento, fogem
No soberbo, se elevam
Alegam o sofrimento
Alegres, ele se esvai
E caem, se envergonhado
Ao verem o amor passar
Só observam de lado...
...E claro: eles falam
Mesmo que sem o som
Calam o mais alto tom
De outros olhos que encaram
Ponte infinita do ser
Esquecem que são da gente
Viram alma algumas vezes
Vira a alma de repente
Transcendentes, me revelam
Te refletem calmamente
Absorvem a essência, aparência
inocência
Pra guardar eternamente
Perseguem em julgamento
Quem por eles condenado
E machucam desafetos
Pra depois, ao perdoar
Desconfiar, semiabertos
Se fecham na ignorância
Negam também a verdade
Quando não lhes convier
Numa forte tempestade
Cedo ou tarde, eles secam
Cobertos pelas pálbebras
Guardam consigo tudo
O que não contaram
O que contaram
Longas histórias
Os que amaram
E o brilho, ele se esvai
Vai viajar distante
A claridade do semblante
Sempre irá se apagar.