Adeus Noturno
Leva teu mapa
Apaga o rastro que tua voz deixou diante de mim.
Apaga a vela
Cada centelha de olho e de tato
Que eu não preciso te ver
E nem sentir o bafio de tua palidez
Eu não preciso tocar a pele de tua alma casa esquecida.
Desliga a dor
Que por eras e eras me uniu a ti.
E não me telefones
Não me consultes nos jornais
Nem perguntes de mim ao ectoplasma solitário
Que samba na chuva, à beira do cais.
Vai!
Desce a rua em paz
Que o mar te espera
Esse mar sem maré...
Vai!
Veste o teu escafandro
E te afunda no infindo
Vai viver tua morte e beijar teu menino
Teu filhinho de luz e angústia
Teu rebento irreal.
Vai, simplesmente!
Que a noite chegou pra nós dois
Que o ocaso teceu nossa doce mortalha.
Leva teu mapa
Afoga a ilha que teu ar inflou dentro de mim
Que eu não te quero mais do que já tenho:
Esta semente de vida que não precisa brotar
Este vulcão de saudade que não precisa explodir.