Por Trás dos Muros de Agosto
E como me saciaram teus seios inermes e brandos
Naquelas noites de sol, em que os anjos fizeram guerra no céu
Com o intento de nos guardar.
E como meu corpo fez-se quase vivo ao penetrar
Teu oásis estéril.
Como brotaram em mim as flores mais falecidas
Flores de hálito invulgar, mudas
E que fizeram de mim quase um gigante de líquen
A porejar o passado.
E como dançou sobre (e entre) nós alguma coisa inumana
Que era triste e era doce, que era dócil e voraz.
E como foi se criando um novo mundo no mundo
Uma angústia dentro da angústia
Uma aflição de viver...
E como deu-se por doido
Cada suspiro contido
Cada pedaço da fome que nos comia da paz.
E como foi se expandindo cada nervura do tédio
A rama indômita da desilusão...
E como se foi subindo a hera exata da morte.
E como nos transmutamos em um só ser
Uma estátua perpetuada na pedra de partilhar solidão.