QUERO ME DESNUDAR

Quero me desnudar para o mundo

Preciso ser obsceno,

Tirar a roupa completamente

Mostrar minhas partes mais profundas,

Insanas

Mas,

Começar devagar

Com pequenas doses de safadeza

A necessidade que nasce já existia de embrião

Explodiu do não que está no mundo

Explicitar ao outro um eu que me tenho

Em invólucro, em casca, em cubículo

Uma avalanche de corpo

Meu corpo (eu) pede o olhar alheio

O demonstrar de defeito

Os assobios de desejo

O afago que arrepia

Farei mais ainda

Subirei no ponto mais alto de mim e

Gritarei: quero me desnudar para o mundo deliciosamente

Os leitores tem que ver, saber...

Todos que não sou escolherei

Não serei exigente

Que não haverá seleção, inscrição, certificação, escolhas, nada

Haverá, apenas, o querer

Desnudar-se para o mundo

Cada parte deverá ser explicitamente lida

Pensada, tocada, analisada: morfológica e semanticamente

O toque, ação suspirante

Não haverá pudores,

E sim permissões.

O mundo precisa dessa nudez: espírito soberbo...

Somos corpo, desculpe.

Preciso de toque. O mais despudorado possível.

Leia minha nudez, então

Não a deixe exposta ao vento, á poeira, à perna da cadeira

Nada mais precisa ser ocultado

O oculto, hoje, é o não-eu.

Os sons, os desejos não cabem mais em mim

Quero me desnudar para o mundo

Não agüento tanta erupção interior: individualismo

A nudez dessa entrega me

Faz estar em equilíbrio

Mesmo que temporário

Vez que

Quero sempre me desnudar para o mundo

A carne-palavra sonha

Homens-sentido que a use.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 03/11/2012
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