QUERO ME DESNUDAR
Quero me desnudar para o mundo
Preciso ser obsceno,
Tirar a roupa completamente
Mostrar minhas partes mais profundas,
Insanas
Mas,
Começar devagar
Com pequenas doses de safadeza
A necessidade que nasce já existia de embrião
Explodiu do não que está no mundo
Explicitar ao outro um eu que me tenho
Em invólucro, em casca, em cubículo
Uma avalanche de corpo
Meu corpo (eu) pede o olhar alheio
O demonstrar de defeito
Os assobios de desejo
O afago que arrepia
Farei mais ainda
Subirei no ponto mais alto de mim e
Gritarei: quero me desnudar para o mundo deliciosamente
Os leitores tem que ver, saber...
Todos que não sou escolherei
Não serei exigente
Que não haverá seleção, inscrição, certificação, escolhas, nada
Haverá, apenas, o querer
Desnudar-se para o mundo
Cada parte deverá ser explicitamente lida
Pensada, tocada, analisada: morfológica e semanticamente
O toque, ação suspirante
Não haverá pudores,
E sim permissões.
O mundo precisa dessa nudez: espírito soberbo...
Somos corpo, desculpe.
Preciso de toque. O mais despudorado possível.
Leia minha nudez, então
Não a deixe exposta ao vento, á poeira, à perna da cadeira
Nada mais precisa ser ocultado
O oculto, hoje, é o não-eu.
Os sons, os desejos não cabem mais em mim
Quero me desnudar para o mundo
Não agüento tanta erupção interior: individualismo
A nudez dessa entrega me
Faz estar em equilíbrio
Mesmo que temporário
Vez que
Quero sempre me desnudar para o mundo
A carne-palavra sonha
Homens-sentido que a use.