MANHÃ DE SOL
Manhã de sol sombria e sem mistério
semeia em vão sementes de alegria
pinta de azul celeste a pedra fria,
desenha o rosto do palhaço sério
que ri pra dentro, fingindo euforia,
que chora rindo e dissemina o tédio,
mistura essências e inventa o remédio
que borbulhante nasce da alquimia
de bem dosar o mel e o amargor,
a paciência a calma o medo, a dor
a turbulência, a paz, a calmaria,
e faz brotar de dentro da tristeza
o fruto amargo e denso da beleza,
a flor morena e doce da agonia.