MANHÃ DE SOL

Manhã de sol sombria e sem mistério

semeia em vão sementes de alegria

pinta de azul celeste a pedra fria,

desenha o rosto do palhaço sério

que ri pra dentro, fingindo euforia,

que chora rindo e dissemina o tédio,

mistura essências e inventa o remédio

que borbulhante nasce da alquimia

de bem dosar o mel e o amargor,

a paciência a calma o medo, a dor

a turbulência, a paz, a calmaria,

e faz brotar de dentro da tristeza

o fruto amargo e denso da beleza,

a flor morena e doce da agonia.

Cliz Monteiro
Enviado por Cliz Monteiro em 02/11/2012
Código do texto: T3965772
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