Na minha lápide**
Aqui jaz um grande poeta.\ Nada deixou escrito. \ Este silêncio, acredito, \ são suas obras completas. (Paulo Leminski)
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hoje, o ouro não veio
amanheci bebendo na cuia inspiradora
para ressuscitar meu devaneio;
amanhã, quem sabe
acordados pelo sabre da indignação
não virão outros poetas-mortos
anunciar minha perdição.
pobres felizes poetas mortos
que esqueceram ouro, prata...
não mais se saciam em lata
e anunciam na minha lápide
a nossa indignação.
aos que sugam os últimos ares
fica o ouro da moeda dos tolos
para o barqueiro de prontidão.
por enquanto, no canto
flameja luz de antigas ceras
em riituais de salvaçao.
Rezemos, então....!