[Poema Sintético: Falando com o Cavalo]
É dolorosa a trajetória do silêncio partilhado...
um vida inteira pode ser tragada em silêncios atrozes...
Depois de uma longa e angustiosa busca,
depois de ermar pelas ruas noturnas,
depois de falar com os bêbados,
com os mendigos, com as putas —
analistas oferecidos para ouvir e fazer companhia —
a gente pode terminar do mesmo modo
que o cocheiro do conto de Tchekov
— contando toda a dor que sente a um cavalo!
E na falta do cavalo,
serve um cão...
E se nem um cão se pode ter,
então, fala-se, tresloucadamente,
primeiro com a garrafa, com o copo,
depois, com as estrelas e com a lua...
E se o céu aberto também se negar
por ser de chumbo [no Desterro é sempre assim!],
então, procura-se a murada de uma ponte,
ou de um viaduto... quem sabe?!
[Quanta gente o céu de chumbo
tem matado... quanta! É melhor eu
rumar logo para os altos morros de Minas...]
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[Desterro, 02 de novembro de 2012]