[Poema Sintético: Falando com o Cavalo]

É dolorosa a trajetória do silêncio partilhado...

um vida inteira pode ser tragada em silêncios atrozes...

Depois de uma longa e angustiosa busca,

depois de ermar pelas ruas noturnas,

depois de falar com os bêbados,

com os mendigos, com as putas —

analistas oferecidos para ouvir e fazer companhia —

a gente pode terminar do mesmo modo

que o cocheiro do conto de Tchekov

— contando toda a dor que sente a um cavalo!

E na falta do cavalo,

serve um cão...

E se nem um cão se pode ter,

então, fala-se, tresloucadamente,

primeiro com a garrafa, com o copo,

depois, com as estrelas e com a lua...

E se o céu aberto também se negar

por ser de chumbo [no Desterro é sempre assim!],

então, procura-se a murada de uma ponte,

ou de um viaduto... quem sabe?!

[Quanta gente o céu de chumbo

tem matado... quanta! É melhor eu

rumar logo para os altos morros de Minas...]

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[Desterro, 02 de novembro de 2012]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 02/11/2012
Reeditado em 02/11/2012
Código do texto: T3964609
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