CAMINHADA
Se alguém me quisesse agradar,
louvar, enternecer,
diria que eu sou justa,
tolerante e amiga;
diria que eu busco a sabedoria,
que respeito igualmente todos os seres,
que respeito a natureza,
que respeito a mim mesma.
Se alguém me quisesse acariciar,
encantar, emocionar,
diria que sabe
que eu amo o brilho das estrelas,
não o brilho do ouro;
que eu amo o jogo do contente
não o jogo do poder;
que eu amo o ruído da chuva
não o ruído da disputa;
diria que amo dividir,
não multiplicar.
Um dia, no fim do caminho,
eu serei assim.
Não sei
quantas vidas devo ainda viver.
Mas um dia, no fim do caminho,
eu serei assim.