ROTINA
ROTINA
Tudo está tão igual
Que confundo alhos com bugalhos
Só pra sentir diferente
Misturo cores
Visto o dia de noite
Tomo água em copo de papel
Extraio da pedra mel
E finjo que sou açoite
Atravesso o beco das maldades
E vejo tudo vestido de gente
Vejo cópias pensando
Vejo pra ver diferente
Palavras que se repetem
Sem qualquer significado
Prefiro brincar de cabra cega
Entreabrindo as pálpebras
E ver tudo nublado...
Quero asas pesadas
Só pra dar risada
De não conseguir voar...
Quero o conto dos absurdos
Quero no falastrão o mudo
Quero andar de joelhos
Sem fé,
E sem olhos vermelhos
Quero o lobo no cordeiro
Quero não conhecer
Do real, o cheiro
Abdico do amor
Só para não ouvir declarações surradas
Amarrotadas
Prefiro o silêncio mesquinho
Só pra mudar um pouquinho
E os nossos desbotados tons macios
Na espinha me dão frios
Se repetem, remetem
Adeus mundo velho
Com chapéu de repetição
Amanhã sentirei saudades de ti,
Mas hoje,
Sou subversão...