ROTINA

ROTINA

Tudo está tão igual

Que confundo alhos com bugalhos

Só pra sentir diferente

Misturo cores

Visto o dia de noite

Tomo água em copo de papel

Extraio da pedra mel

E finjo que sou açoite

Atravesso o beco das maldades

E vejo tudo vestido de gente

Vejo cópias pensando

Vejo pra ver diferente

Palavras que se repetem

Sem qualquer significado

Prefiro brincar de cabra cega

Entreabrindo as pálpebras

E ver tudo nublado...

Quero asas pesadas

Só pra dar risada

De não conseguir voar...

Quero o conto dos absurdos

Quero no falastrão o mudo

Quero andar de joelhos

Sem fé,

E sem olhos vermelhos

Quero o lobo no cordeiro

Quero não conhecer

Do real, o cheiro

Abdico do amor

Só para não ouvir declarações surradas

Amarrotadas

Prefiro o silêncio mesquinho

Só pra mudar um pouquinho

E os nossos desbotados tons macios

Na espinha me dão frios

Se repetem, remetem

Adeus mundo velho

Com chapéu de repetição

Amanhã sentirei saudades de ti,

Mas hoje,

Sou subversão...

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 01/11/2012
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