Promessas Desfeitas
Nos corredores do coração
Pulsam passos outrora trilhados
No corpo, carícias e arrepios
Já não acordam os dias presentes
A pressa do tempo retalhou a fantasia
Em farrapos de horas gastas
Rasgos de melancolia e dor
Nas gavetas, o passado contempla-se
Bilhetes, alianças, juras puídas
Certidões que oficializam
Intenções agora esquecidas
Rangem vestígios de mim e de ti
Como se pudessem trazer
Num espalmar de mãos
Os dias de sol, os sonhos
Entre as páginas de um livro
Uma pétala que insiste em existir
Marcando com aroma de sorrisos
Uma frase que soletrava
A intensidade do amor vivido
Como se ainda fosse possível
Despertar cada uma das palavras
Que em algum momento
Tiveram qualquer sentido
Talvez tente flagrar a nostalgia
De uma confissão ou sussurro
Tão próprios dos amantes
Como se fosse possível conter
A promessa de eternidade
No coração que um dia se percebeu
Habitando-se sempre em solidão
Talvez tudo isto ainda espere
Pela saudade que já não sinto...
Fernanda Guimarães
www.fernandaguimaraes.com.br