QUANDO UM ANJO CAI


Um anjo, quando desce a terra
Erra, em sua gentileza,
Berra, de sua natureza
Um anjo acostumado
A um céu dourado
Mas reduz o seu pecado
A um cinza cromado
Destes de carro do ano
De veludo cotelê
E inveja de fulano;
Um anjo tão delicado
Que dedica o seu lado
Para qualquer estranho
E o estranho é que ele
Rosna baixo, acabrunhado,
Quando olha arrependido
Que deu o seu melhor lado
A um coitado de um tapado
Este anjo jaz demonizado
Já está desmemoriado
Já nem lembra o céu dourado
Se converte em pura cinza
Se contorce, se reclina
Se transforma em purpurina
Em talco em nuvem espessa
E acaba feito monstro
A decorar uma sarjeta.

 
Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 31/10/2012
Código do texto: T3962396
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.