DECLARAÇÃO DO AMOR ACABADO

 

 

Os boleros que se ouve escondido,
são para lembrar o que não tem mais jeito.
Deus me livrer desse mundo planejado,
e das silhuetas construidas fora do corpo.
São sapatos tão apertados, e ternos mal cortados...
E tudo o que eu queria dizer antes,
era que eu não sou o salvador nem o acaso.

O piano está desafinado,
a casa, vazia de significados,
as afeições perdidas na avenida,
e a vida num instantãneo fotográfico.
E tudo vai amarelando, enquanto eu passo,
até que alguma coisa no caminho escuro
diz que eu sou um novo amor.
Um amor estranho, ladeira abaixo.

Parem todas essas máquinas tontas,
eu quero viver e limitar significados.
o coração está quase cicatrizado,
e o malandro, às portas de um carnaval.
Com seus sapatos de chumbo vai riscar o asfalto,
e com suas mãos, acenar, de longe, para o passado.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 31/10/2012
Reeditado em 01/11/2012
Código do texto: T3962306
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