Saudade vã
Me abre uma caixa de texto, para por palavras em vão,
nem sei se a história é a mesma, vários pontos,
varias dicas, nenhuma inspiração
a não ser a saudade, que por mais saudosa que seja,
nem sei mais explicar...
dos vales das serras uivantes à selva noturna de pedras
tombadas, pixadas, grafitadas, desgraçadas
a cidade sem meu amor, agora, é puro desalinho
sem pés, nem pegadas, é saudade, simplesmente
saudade, pura e simplesmente vontade de ter...
as vezes, enquanto caminho sozinho, cansado e sonolento
tento lembrar de nos dois, simpaticos caminhantes noturnos,
desafinados, mas com postura,
a vontade do dia que corrompe a noite
assim se vive uma semana,
de bicicleta, ou a pé, mas com carinho, se sentindo absorto
de noite o vento quente, de dia, nada de vento
e pela internet alvoraçada, um carinho ou um lamento,
enquanto um rima com livros, outro rima tristeza,
do seu pai, tão adorado, sofrendo a dor da vida
que ele mesmo se aproveitou
no dia, trabalho escravo, a noite esforço em vão
trabalha a mente imunda, és escritor ou escrivão?
de tarde volta o sono e cansaço, de manhã, nada mais eu falo
sou pobre bagaço, tentando submeter-me a um novo diálogo
sem ouvinte, sem juiz, sem relato.
as peles, as roupas, as musicas, os sinais,
os doces, as bolachas, amassadas, com formatos desiguais
de repente, vem o bosque, que é escuro, subliminar,
vem o monstro, vem o doido, o saci e a girafa,
se tem pernas, caminhar, já não sei pra onde vai
esta noite tive um sonho, foi veneza, barcos, rios e punhais,
acordei e tive outro, sonho louco, carnaval
me virei, vi Paris com cafés e cortinas avermelhadas,
retorci, virei feto, vi minha mãe amamentar,
tanto seio, tanto sonho, tanta coisa irreal
me perdi fiquei louco, despertei, bebi agua, me virei, não dormi mais....