A COR DO PECADO

De uma escola era vizinha

Uma mansão de altos muros

Ali havia uma mocinha

Que vivia no escuro

Era cega a coitada

Tendo tudo... via nada

Seu destino era duro

Pra aliviar seu sofrer

A mocinha da mansão

Não tendo outro fazer

Prestava muita atenção

No barulho de alegria

Que perto do muro ouvia

Durante a recreação

E um dentre os meninos

Que junto ao muro brincava

Escutou, quis o destino,

Sua voz desesperada

Falou-lhes coisas bonitas

Ensinou-lhe que na vida

Com pouco se conformava

Ele que via as cores

Ficava muito sem jeito

Pois enxergava os horrores

Praticados sem direito

Se na sala algo sumia

Castigo ele recebia

Sem que nada tivesse feito

A menina que não via

Ficava sem entender

Porque o menino sofria

Mesmo sem merecer

E cresceu aquele apego

Entre a rica e o negro

Que voltaram a se "ver"

Certo dia ela assustada

Pelo amigo gritou

Pois a nova empregada

Numa queda desmaiou

Ele todo atarantado

Pulou logo pro outro lado

E aquela mulher ajudou

O pai que chegou na hora

Pensou que era assalto

E sem entender a história

Castigou aquele ato

Enquanto o amigo apanhava

A moça gritava a empregada

Que parasse aquele ingrato.

Ouvindo a filha amada

Defender aquele negro

Percebeu que era errada

A ação com preconceito

Julgou só pela aparência

E se tivesse consciência

Não agia desse jeito

Pediu desculpa ao herói

E ouviu uma correção

Que é a parte que mais dói

Em quem age sem razão

Disse o menino sem medo

Em seu rosto pondo o dedo

E falando com emoção

“Ninguém revela em sua cor

O que esconde em sua alma

Se quem está sentindo dor

Pode ter no rosto a calma

Não vai ser o tom da pele

O sinal que nos revele

Quem se perde ou se salva."

"O homem diz que é branca

A pomba que é da paz

E que é verde a esperança

Que alguém no peito traz

Mas se diz - cor do pecado-

É do negro ou do mulato

A imagem na lembrança."

"Neste mundo o racismo

Nas palavras de maldade

Pôs entre nós um abismo

Destruiu nossa amizade

Tornou-nos indiferentes

Não considerando gente

O negro na sociedade."

"A cor de cada sujeito

É diferente em seu rosto

É variada em seu peito

Há cores pra todo gosto

Mas para sermos irmãos

As palmas de nossas mãos

Deus pintou do mesmo jeito."

"Se todos nós de mãos dadas

Quisermos de coração

Caminhar na mesma estrada

Cantar a mesma canção

Ninguém para no caminho

Pois cada um terá ninho

No peito de seu irmão."

"Na pele clara ou escura

Neste dia de bonança

Encontrando a alma pura

Nós teremos confiança

Saberemos de verdade

Que Deus fez a humanidade

Sua imagem e semelhança."

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 31/10/2012
Reeditado em 30/10/2013
Código do texto: T3960900
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