INCONSTANTE

Apareceu

Não sei de onde

Com uma só intenção

Me ter

Ter-me pra si só

Parecia que nada satisfazia

E ao mesmo tempo

Se derretia

Só ao me ver

Dormia comigo

Fugia de meus sonhos

Só pra deixar saudade

Mentia que não amava

Tratava de minh’alma como trata de suas crias

A mãe coruja

Fingia não me olhar

Só pra eu perguntar

“O que houve?”

Ah menina que me quer amar

E ama me querer

Traz pra perto teu olhar esperto

Teu incerto desejar

teu mais que muito

Amor danado

Teu sem querer entregar-se

Teu desejar-me,

Possuir-me

E intratavelmente tua vida minha

Tua escura solidão tua

Quem sabe mais alegria escondida

Minha toda e tão não minha

Que ainda hoje me apercebo cru.