Pelo tempo, passo incólume
A decorar ladrilhos foscos
Cores de momentos ocos
Prismas em olhares tortos
Ele, o tempo, esquiva-se em seu dorso
Retorce a realidade, contorce o eixo
Revira, revolta, ressurge e rememora
Eu o acompanho, sem querer, arrastado
Para tudo que se possa querer
Há de se ter um querer maior
Mas nada supera o querer do tempo
Ditador, insensível, quer sempre diferente
Não há outra saída, ou solução
Reteso a testa, dou de ombros
Ateio fogo nos dedos e continuo,
esmo, decorando meus ladrilhos.