Latidos

O grito vem do vagão

Das pernas...no surdo

Das palmas dos lábio

E tem labareda

Embaixo da pele

Nas catacumbas

Das veias,

Quem falou que o passado

Não berram, não nos

Cospe na cara....

O Fogo-fátuo nas cadeiras

Enferrujada na pelvis

Cansada, é uma rosa amarela

Sim, mas suja, Encrespada de ferrugem;

“Somente o tempo aquece”

mas a gente não esquece

de porra nenhuma!

E ainda querem que estômago

Peça perdão, ajoelhado

Pois a comida lhe chega

Pouco e a raiva de se

Saber espaço, de se

Saber não apenas lagoa

Mas o mar, o mar não

De água, mas o mar

Quando algo se perde...

E não mais vou encontrar

Porque se tornou palavras

Apenas uma palavra

Que não pode pousar...

Que eternidade é

Maior quando não

Se importa com nada

Quando até a morte

É camarada...

Pra quê gritar quando

A palavra não passa

Pelos dentes e a garganta

Já esfolada, não aguenta...

E ser apenas louco

Apenas pouco, apenas

Merda

...mas de amor a vida

se salva ( grande

merda é amor, quando

não se tem.

Mas já o tive

já fui fogo, já fui dor,

já fui tolo, já fui fogo-tolo

de que eu era...)

e mais uma vez eu digo:

grande merda!

Que amanhã, às oito

Horas do dia claro

Vai estar sobre a mesa

A toalha quadriculada

Com café, o pão com manteiga...

E alguém vai me olhar

E seu olhos pequenos

Sem piscar, sem pestanejar

Que meus olhos são um sol

De janeiro, que o tempo

Todo estive aqui sobre

A mesa redonda do existir

E que nos despediremos

Pois não a nada que me

Faça mais me sofrer

Que esse latidos

Que vem da minha infância

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 30/10/2012
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